Vamos parar com este pesadelo das crianças.
Se tem o conhecimento de algum caso, contacte a Associação Portuguesa de Apoio à Vitima.
TELF: 707 200 077
Estudo identifica os cinco segmentos mais vulneráveis da população sénior portuguesa
Os mais idosos, os mais pobres, os que vivem sozinhos, as mulheres e os que residem nas cidades são os segmentos da população sénior portuguesa mais vulneráveis, segundo um estudo a que a Lusa teve acesso. O estudo, financiado pela Fundação Aga Khan e realizado pelo Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano e pela Boston Consulting Group, tem como objectivo central promover o conhecimento das tendências e necessidades da população portuguesa com 55 ou mais anos de idade.
À semelhança do registo demográfico a nível mundial, também a população portuguesa tem evidenciado um assinalável envelhecimento. No decurso das últimas quatro décadas, a proporção de população idosa cresceu de oito por cento, em 1960, para 16,4 por cento, em 2000.
Este fenómeno do envelhecimento da população portuguesa é uma tendência que se irá manter durante as próximas décadas, estimando-se que em 2050 represente já quase 1/3 do efectivo da população nacional. De acordo com o trabalho - que inclui um inquérito a 1324 pessoas com 55 ou mais anos -, a população sénior mais idosa (com 85 ou mais anos) constitui um segmento particularmente vulnerável, uma vez que se encontra associado a piores condições habitacionais, condições económicas e com dinâmicas familiares mais frágeis, quando comparado com os demais grupos etários. Por outro lado, o estudo revela também que são os mais idosos que necessitam de mais ajudas e apoios, que com um estado de saúde mais frágil, uma ocupação menos dinâmica dos tempos livres, sendo também os que mais recorrem à utilização dos equipamentos sociais e de saúde.
"Com o avançar da idade, os estados de saúde vão ficando mais fragilizados e os indivíduos vão perdendo a sua autonomia, ficando cada vez mais dependentes e vulneráveis, incapazes de fazer face a um conjunto de situações do seu quotidiano", explica o estudo.
O outro segmento vulnerável é o dos mais pobres, com uma receita média mensal igual ou inferior a 300 euros, vivendo abaixo do limiar da pobreza, deparando-se com necessidades associadas aos seus baixos rendimentos.
Este é o grupo que vive em piores condições habitacionais, o que regista relações familiares menos estruturadas, mais vulnerável à dependência de apoios e ajudas e com pior saúde, embora seja o que usa mais os equipamentos de saúde. É neste grupo que se registam os piores cenários de ocupação dos tempos livres e é ainda o mais dependente da utilização dos equipamentos sociais.
O terceiro grupo é o dos que vivem sozinhos por se encontrarem mais isolados. Apresentam piores condições habitacionais, económicas, relações familiares mais frágeis, maior dependência de apoios, piores estados de saúde e maior dependência dos equipamentos colectivos de saúde e de natureza social.
Com base no género, o estudo revela profundas disparidades entre a população sénior em Portugal, em particular ao nível económico, estando as mulheres mais fragilizadas.
O último grupo identificado pelo estudo como mais frágil é o dos que residem em contexto urbano: vivem em piores condições económicas e são os que apresentam dinâmicas familiares mais frágeis com menos contactos com os seus descendentes directos.
Fonte: Agência Lusa [Divulgado por REAPN Beja]
O movimento para introduzir pessoas idosas em cursos técnico-profissionalizantes e em cursos livres em universidades é um fenômeno recente e atende às necessidades sociais de capacitar e reorientar estas pessoas para uma nova fase de vida e possível reinserção no mercado de trabalho. A educação e a informação são alguns dos determinantes para qualidade de vida e favorecer a longevidade. Pessoas que não sabem ler, nem escrever ou interpretar uma informação que recebem numa consulta médica (por exemplo) não dominam seu processo de vida nem estão aptos para decidir acertadamente suas vidas.
Iniciadas em países desenvolvidos na década de 90 as universidades da terceira idade têm sido numerosas e bem sucedidas e contam, em seu projeto curricular, na sua maioria, com aprendizagem e atividades de informática. Um dos aspectos de relevância é que o idoso é inserido na vida acadêmica e passa a conviver com alunos jovens e currículos de disciplinas opcionais de seu interesse.
Além da capacitação, estas instituições e projetos oportunizam a socialização, atividades intergeraconais e o conseqüente entrelaçamento com os aspectos psicológicos que envolvem a auto-estima, o afeto, as emoções e a predisposição do idoso em viver sua vida de forma agradável.
Deveremos ter em curto espaço de tempo um incremento nestas iniciativas, devido ao rápido envelhecimento da população mundial. É previsto que por volta de 2050, pela primeira vez na história da espécie humana, o número de pessoas acima dos 60 anos será maior que o de crianças abaixo dos 14 anos.
Segundo os últimos dados da ONU, a população mundial deve aumentar, dos 6 bilhões no ano de 2000, para 10 bilhões em 2050. No mesmo período, o número de pessoas com mais de 60 anos deverá triplicar, passando de 600 milhões para 2 bilhões, ou seja, quase 25% da população do planeta terá 60 anos ou mais.
Além disso, pesquisas recentes mostram que cresce o número de pessoas que busca uma nova profissão depois da aposentadoria. As carreiras mais procuradas por este segmento são Turismo, Psicologia, Informática, Literatura e Artes, mostrando também que a socialização do idoso é prática fundamental para a preservação de sua saúde física e mental, uma vez que o processo de envelhecimento implica em alterações funcionais e comportamentais.
É um equívoco inferir que os idosos não são criativos, pois muitos artistas, músicos, escritores e cientistas produziram grandes obras após completar 70 (setenta) anos, como Bethoven, Picasso, Verdi, Wistin Churchill, dentre outros. A idade não determina, por si só, a criatividade e a capacidade de aprender. Na juventude predominam as funções que podem ser definidas como a inteligência fluida (agilidade mental, capacidade de combinação, orientação em situações novas) e com a idade aumentam as faculdades compreendidas no conceito de inteligência cristalizada (conhecimentos gerais, saber com base na experiência, vocabulário, compreensão de linguagem).
Desse modo, algumas teorias afirmam que envelhecer não diminui o rendimento intelectual e produz-se uma modificação qualitativa, ou seja, surgem outras modalidades do complexo ato de pensar. O processo de adaptação do idoso às novidades educacionais que se apresentam dependerá especialmente, das histórias pessoais de saúde e doença (pelas quais passou e no modo como as enfrentou), das condições educacionais a ele oferecidas (as quais aproveitou ou deixou de aproveitar), do apoio do ambiente familiar e social, e, especialmente, dos seus recursos econômicos (permitam ter o acesso a tecnologias que contribuam para a compensação das dificuldades cada vez maiores que lhe serão impostas pelo envelhecimento).
No processo de aprendizagem durante o envelhecimento, várias questões se apresentam. Uma delas, que vem sendo atualmente bastante enfatizada, tem sido a aprendizagem do uso do computador como ferramenta de trabalho ou de comunicação e fonte de informação, inseridos nos cursos das universidades abertas para a terceira idade. Tais questões residem na compreensão da forma pela qual essa aprendizagem afeta seu sistema de crenças e sua representação social. Aqueles que não puderam realizar ou alcançar o nível universitário, bem como aqueles que já o concluíram, têm tido a oportunidade de vivenciar ou re-vivenciar a convivência no meio acadêmico por meio das universidades para a terceira idade.
A educação permanente cria novas possibilidades às metas de vida dos idosos, em razão que, a partir do processo de reflexão sobre o complexo sistema sócio-político-econômico, o idoso constrói uma nova consciência de si mesmo, percebem as suas potencialidades e, conseqüentemente, obtêm uma melhor qualidade de vida.
Projetos na área da educação costumam estar voltados para crianças e jovens, para promover a formação integral para cidadania e prepará-los para o ingresso no mercado de trabalho. A criação de oportunidades educacionais para pessoas idosas continua sendo preterida, não obstante o aumento da expectativa de vida nos últimos tempos.
ENSINO A DISTANCIA
Identificar e analisar as transformações oriundas do envelhecimento humano possibilita estabelecer propostas educacionais eficazes, que contribuam para suprir as necessidades específicas dessa população e proporcionar a melhoria da sua condição de vida. Os idosos, muitas vezes, têm dificuldade em se libertar de certos padrões de comportamento, demonstrando resistência para assimilar novas orientações para resolução de problemas.
No tocante ao aprendizado e à memória, a utilização de experiências anteriores para solução de novos problemas pode afetar o processo aprendizagem. No âmbito das tecnologias da informação, por exemplo, pessoas da terceira idade costumam ter medo do novo e do desconhecido e, não raro, precisam de incentivo para começar. Por outro lado, a informática estimula a socialização.
Alguns estudos mostram que o uso da Internet pode ajudar a superar a depressão, a solidão e o desamparo, sentimentos relativamente comuns em idosos. Entretanto, a escassez de conteúdos específicos para idosos é uma das principais explicações para a aparente auto-exclusão dos mais velhos no mundo da tecnologia.
Trabalhos em didática direcionados ao idoso ainda são raros o que torna importante a busca de alternativas que possibilitem o aperfeiçoamento de programas educacionais com esta orientação. O Estatuto do Idoso dá respaldo para elaboração de projetos educacionais voltados a esta parcela da população (Lei 10.741/030) que prevê no artigo 20 que “O idoso tem direito à educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade”. A questão metodológica está contida, no mesmo estatuto, no artigo 21 que preceitua que “O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados”. O parágrafo primeiro deste mesmo artigo trata mais especificamente do tema proposto: “Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna”.
O uso de linguagem articulada, enfática e com a voz clara e audível, contribui na assimilação do conhecimento, principalmente para os idosos com algum tipo de dificuldade auditiva. No que diz respeito à educação a distância, é preciso levantar quais conceitos e recursos desta modalidade se adequam melhor à terceira idade. O ensino à distância poderia favorecer este público.
O ensino para idosos apresenta especificidades que precisam ser pesquisadas e sistematizadas a fim de desenvolver uma metodologia inclusiva e eficaz. Mas num primeiro momento, algumas especificidades podem ser destacadas, como:
· Conhecimentos e experiências acumuladas – pessoas de idade avançada já chegam à sala de aula com uma imensa bagagem de vivências e conhecimentos que não podem ser desprezados pelo educador;
· Velocidade de aprendizagem – em pessoas idosas, o ritmo de aprendizagem costuma ser mais lento e, portanto, deve ser respeitado, sob pena de gerar insegurança e bloqueios aos conteúdos tratados no curso;
· Dificuldades de ordem visual – não é incomum em cursos de informática, por exemplo, observar idosos que necessitam, além da correção visual dos óculos, recorrerem a lupas para melhor visualizar imagens em um monitor de computador;
· Dificuldades de ordem auditiva – idosos que apresentam algum tipo de problema auditivo requerem atenção especial e maior proximidade do professor na sala;
· Problemas de locomoção – a dependência de instrumentos de locomoção como muletas ou cadeiras de rodas exigem cuidados na acomodação de alguns idosos ao local de estudo.
Estas são algumas características que tornam o ensino para idosos uma matéria que requer maiores considerações e uma atenciosa elaboração. Ao oportunizar o acesso aos avanços tecnológicos poderemos prolongar a vida dos indivíduos que podem se manter produtivos, mesmo em faixas etárias mais avançadas.
O processo de envelhecimento traz inevitáveis conseqüências para o indivíduo, quais sejam: perda dos seus papéis familiares e no mercado de trabalho estimula o afastamento das gerações, assim como o conflito e a indiferença, quando não o desprezo ou a tolerância forçada. No final da vida percebe-se idosos condenados ao isolamento social e cultural pela fragmentação da família, aposentadoria e por uma política insatisfatória de atendimento às suas necessidades.
Para superá-las busca-se o resgate da auto-estima, a alegria, a descoberta de suas potencialidades, o prazer de se expressar e ser ouvido são perspectivas para uma vida mais plena. Partindo de uma nova concepção de velhice, agora associada a dinamismo e lazer, o público idoso começa a participar mais do espaço público. Logo, é preciso criar estratégias de sociabilidade que permitam aos idosos estabelecer novas relações sociais e distanciar-se cada vez mais do isolamento.
Para alguns especialistas, a Universidade pode cumprir plenamente esta função de reinserção do idoso no meio social. As microuniversidades temáticas, voltadas especialmente para esse público, seriam capazes de fornecer assistência médica entre outras, além de proporcionar ensino nos vários campos do saber e propor atividades culturais.
O ensino à distância traz algumas vantagens, como por exemplo, a possibilidade de adequação ao ritmo de cada um. Além disso, existe a adequação de conteúdos a condições de aprendizagem especiais. Há ainda, como outro efeito bem-vindo, as oportunidades socialização advindas da interação, que podem se constituir num poderoso “remédio” contra a solidão. Sem falar na manutenção da atividade cognitiva, proporcionada pela formação continuada e o fornecimento constante de estímulos, exercícios e atividades.
O cuidado com o desenvolvimento de programas educacionais para o público da terceira idade é, portanto, de grande importância no desenvolvimento de participação mais ativa da população idosa na vida em sociedade e, em conseqüência, fornecer instrumentos que favoreçam sua autonomia e independência aliada à longevidade e envelhecimento ativo.